Airo

Airo

Espécie Marinha

Alcidae

Uria aalge

Common Murre

Fenologia no ContinenteReprodutor e invernante

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O Airo tem uma distribuição circumpolar, nidificando no Atlântico Norte e no Pacífico Norte[3]. Atualmente a espécie parece estar extinta como nidificante em Portugal, não tendo sido detetadas evidências de nidificação na ilha da Berlenga durante o presente atlas. Outrora, as colónias portuguesas representaram o limite sul de nidificação desta espécie. O Airo começa a ser notado principalmente a partir de novembro e está presente durante o inverno e até ao início da primavera. Esta espécie tem uma distribuição essencialmente costeira e é notoriamente mais frequente a norte do cabo Carvoeiro, sobretudo a norte do cabo Mondego, existindo no entanto registos ao longo de toda a costa continental. Parte dos indivíduos invernantes em Portugal Continental deverá ter origem nas colónias britânicas e irlandesas[10][1].

Abundância e evolução populacional

As colónias de Airo no arquipélago das Berlengas (e também as colónias galegas) sofreram um declínio populacional vertiginoso na segunda metade do século XX. Em 1939 foram estimados cerca de 6000 casais na ilha da Berlenga[6]. Em 1977 foram contadas apenas 320 aves adultas na mesma ilha, número que baixou para 70, em 1981[11]. Nas décadas seguintes a população continuou a diminuir e em 2002 registou-se o último caso de nidificação conhecido[4]. As observações recentes efetuadas durante o período reprodutor dizem respeito a apenas um indivíduo observado na ilha da Berlenga em junho de 2012[5]. A nidificação da espécie foi confirmada noutros pontos da costa portuguesa, tal como se verificou no final dos anos 1930 nas falésias do cabo de São Vicente[2], local onde o Airo continuou a ser registado até ao início dos anos 1980, embora sem confirmação da reprodução nessa década[12]. Como invernante, é pouco comum, não existindo informação sobre a evolução desta população.

Ecologia e habitat

A distribuição da espécie está restringida a áreas pouco profundas da plataforma continental não sendo, contudo, frequente a sua observação a partir de terra. Por vezes são observados indivíduos que se refugiam em portos e no interior de barras aquando de tempestades no mar. A espécie mergulha a várias dezenas de metros de profundidade, alimentando-se principalmente de pequenos peixes[3].

Ameaças e conservação

O declínio acentuado do Airo nas colónias das Berlengas e da Galiza registou-se sobretudo nas décadas de 1960 e de 1970 como resultado da introdução de redes de emalhar sintéticas[8]. A mortalidade de aves adultas por afogamento neste tipo de redes terá sido decisiva para o decréscimo da população na Península Ibérica[8]. Outros fatores que poderão ter contribuído para o declínio da população da espécie em Portugal são a diminuição dos recursos alimentares por pesca excessiva[7] e contaminação por hidrocarbonetos[9]. Algumas medidas de conservação urgentes passam pela minimização das capturas associadas às artes de pesca, tais como a implementação de uma moratória espacio-temporal em torno das colónias de reprodução e a sua fiscalização.

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Coverley HW (1945). Nesting notes - Portugal. Relatório não publicado.

  3. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  4. Lecoq M (2003). Censo das Populações de Aves Marinhas Nidificantes no Arquipélago da Berlenga em 2002: Calonectris diomedea, Phalacrocorax aristotelis e Uria aalge. Relatório II (Final): Censo da População em 2002. SPEA, Lisboa

  5. Lecoq M, Crisóstomo P, Mourato E, Morais L & Andrade J (2012). Censo da População Reprodutora do Corvo-marinho-de-crista no Arquipélago das Berlengas em 2012. Relatório da Acção A – Actividade 2. Projecto FAME. Relatório não publicado. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa

  6. Lockley RM (1952). Notes on the birds of the islands of the Berlengas (Portugal), the Desertas and Baixio (Madeira) and the Salvages. Ibis 94: 144-157

  7. Martí R & del Moral JC (2003). Atlas de las aves reproductoras de España. Dirección General de Conservación de la Naturaleza, Sociedad Española de Ornithología, Madrid

  8. Munilla I, Díez C & Velando A (2007). Are edge bird populations doomed to extinction? A retrospective analysis of the common guillemot collapse in Iberia. Biological Conservation 137: 359-371

  9. SEO/BirdLife (2003). The disaster of Prestige oil tanker and its impacts on seabirds. Third report, Jan-Feb 2003. Relatório não publicado. SEO

  10. Silva MA & Canto e Castro MF (1992). Recuperação de anilhas entre 1989 e 1991. Airo 3 (3): 90-120

  11. Teixeira AM (1983). Seabirds breeding at the Berlengas, forty-two years after Lockley’s visit. Ibis 125: 417-420

  12. Teixeira AM (1984). Aves marinhas nidificantes no litoral Português. Actas do colóquio Nacional para a Conservação das zonas Húmidas. Boletim da LPN 18 (3):105-115