Chilreta

Chilreta

Espécie Marinha

Laridae

Sternula albifrons

Little Tern

Fenologia no ContinenteEstival reprodutor e migrador de passagem

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

Na costa continental portuguesa, a chilreta é nidificante estival e migradora de passagem regular. Nidifica sobretudo no Sotavento algarvio (Ria Formosa, Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António) e, em menor número, noutras zonas húmidas litorais como os estuários do Mondego, do Tejo, do Sado, do Alvor e do Arade e ainda na Ria de Aveiro e na lagoa de Santo André[4][6]. Localmente também nidifica em albufeiras no interior[6]. No mar, a sua distribuição está limitada às águas costeiras nas proximidades das colónias de reprodução. As primeiras chilretas podem ser observadas a partir de finais de março, chegando geralmente às colónias em abril, continuando a notar-se um fluxo de aves em passagem até final de maio[3]. As aves que nidificam em Portugal iniciam a migração pós-nupcial em meados de julho sendo esta notada até finais de setembro[3]. A maioria da população europeia inverna na África Ocidental[2]. Nos arquipélagos da Madeira e dos Açores a espécie é extremamente rara.

Abundância e evolução populacional

A população da espécie em Portugal tem apresentado acentuadas flutuações ao longo dos anos, sem que exista uma tendência claramente definida. A última estimativa da população nidificante à escala nacional, datada de 2003, apontou para a existência de cerca de 700 casais[6]. A Ria Formosa acolhe a principal concentração nidificante no país, com uma população estimada em 170 a 334 casais entre 2003 e 2007[8]. A espécie torna-se mais abundante na nossa costa aquando das passagens migratórias, época em que passam pelo nosso país migradores que nidificam noutros países europeus[3].

Ecologia e habitat

A chilreta nidifica em zonas húmidas costeiras ou estuarinas, sobretudo em salinas e em ilhotas ou praias arenosas com pouca perturbação[6][3]. A espécie alimenta-se nas proximidades das áreas de nidificação utilizando sobretudo os braços de ria, salinas, aquaculturas e também águas costeiras pouco profundas[7]. As principais presas da chilreta são pequenos peixes, destacando-se nas nossas águas os peixes-rei do género Atherinae os cabozes do género Pomatoschistus[5].

Ameaças e conservação

As principais ameaças à conservação desta espécie em Portugal são a degradação das áreas de nidificação, nomeadamente através do abandono de salinas, a perturbação humana essencialmente associada a atividades lúdicas[1] e a predação por mamíferos e aves, nomeadamente por cães assilvestrados e por predadores naturais como alcaravões ou gralhas[4]. A redução da perturbação efetuada por turistas e visitantes nas áreas de nidificação, por exemplo através da vedação e interdição temporal de algumas áreas, poderá contribuir para a conservação desta espécie.

  • Chilreta | Autor: Dan Pancamo
  • Chilreta | Autor: Michael Sveikutis

Referências

  1. Cabral MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AI, L Rogado L & Santos-Reis M (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa

  2. Cramp S (1985). The birds of the Western Palearctic, Vol. IV. Oxford University Press, Oxford, New York

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. Catry T, Ramos JA, Catry I, Allen-Revez M & Grade M (2004). Are salinas a suitable alternative breeding habitat for Little Terns? Ibis 146: 247-257

  5. Catry T, Ramos JA, Martins J, Peste F, Trigo S, Paiva VH , Almeida A, Luís A, Palma J & Andrade PJ (2006). Intercolony and annual differences in the diet and feeding ecology of little tern adults and chicks in Portugal. Condor 108: 366-376

  6. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  7. Paiva VH , Ramos JA, Martins J, Almeida A & Carvalho A (2008). Feeding habitat selection of Little Terns Sterna albifrons in an estuarine lagoon system of southern Portugal. Ibis 150: 18-31

  8. Ramírez I, Geraldes P, Meirinho A, Amorim P & Paiva V (2008). Áreas Importantes para as Aves Marinhas em Portugal. Projecto LI FE04NAT/PT/000213 – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Lisboa