Corvo-marinho

Corvo-marinho

Espécie Marinha

Phalacrocoracidae

Phalacrocorax carbo

Great Cormorant

Fenologia no ContinenteInvernante e residente

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O corvo-marinho está presente em todos os continentes à exceção da América do Sul e da Antártida[9]. As populações que nidificam no norte e no centro europeus invernam sobretudo nos países do sul da Europa, tanto na costa atlântica como na mediterrânica[5]. Desde 2007 que alguns casais nidificam na albufeira de Alqueva[1]. Em Portugal, ocorre principalmente de setembro a abril, frequentando sobretudo o litoral, mas também o interior. Parte da população invernante no nosso país deverá ter origem nos países banhados pelo Mar do Norte[6]. Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, os poucos registos conhecidos dizem respeito a indivíduos observados durante o outono e o inverno [2][3][14], existindo ainda registos no final do verão e no início da primavera nos Açores[2].

Abundância e evolução populacional

Nos últimos 30 anos a população invernante tem aumentado de forma continuada em Portugal[11], possivelmente devido ao aumento do habitat disponível e sobretudo ao crescimento das populações do norte e centro europeus[4][6]. A espécie é abundante como invernante no litoral do Continente, nomeadamente nos estuários do Tejo e do Sado e na Ria Formosa, sendo também relativamente comum em algumas zonas do interior[6]. Em 1981 a população invernante foi estimada em 1000 indivíduos[15], no início da década de 1990 em 8000 a 10 000 indivíduos [8] e em pouco mais de 15 000 indivíduos em janeiro de 2013[13]. As estimativas mais recentes devem pecar por defeito, pois atualmente há muitos corvos-marinhos a invernar em ribeiras do interior que não são alvo de censos sistemáticos. Na costa continental não estuarina foram contados cerca de 800 indivíduos no inverno de 2009-10[7].

Ecologia e habitat

Esta espécie consome principalmente peixes que captura através de mergulhos a pequena ou média profundidade[9]. Os vários estudos sobre a espécie em Portugal revelaram uma dieta generalista que, em meios estuarinos e lagunares costeiros, pode ser composta por peixes como diversas tainhas, o charroco, a enguia, o peixe-rei, e diversas espécies de alcarrazes e de linguados[6][10][12]. Frequenta uma grande diversidade de habitats, com destaque para os estuários e as lagoas costeiras, ocorrendo ainda em albufeiras, em pauis, na costa rochosa e em cursos de água. Não frequenta mar aberto, podendo aí ocorrer apenas excecionalmente. Pode formar bandos com centenas de indivíduos quando se desloca para os dormitórios.

Ameaças e conservação

Globalmente, esta espécie regista uma tendência favorável de crescimento[3]. O corvo-marinho está na origem de conflitos com o Homem um pouco por toda a Europa, incluindo Portugal. Esta espécie é acusada por piscicultores e por pescadores de causar um impacto negativo sobre as populações de peixes. Embora em certos casos estas acusações possam ser justificadas, no nosso país, a predação sobre espécies de peixes com valor comercial parece ser ainda pouco importante[6][12].

Referências

  1. Almeida JL (2008). Primeiros casos de nidificaçãoo do corvo-marinho Phalacrocorax carbo em Portugal. Anuário Ornitológico 6: 94

  2. Birding Azores (2014). Birding Azores database

  3. Birding Madeira (2014). Trip reports

  4. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  5. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds

  6. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  7. Catry P, Lecoq M, Granadeiro JP & Ramírez I (2010c). Projecto Arenária: distribuição e abundância de aves nas praias e costas de Portugal. Pardela 39: 9-11

  8. Costa LT & Granadeiro JP (1997). The cormorant Phalacrocorax carbo in Portugal. Ekologia Polska 45(1): 39-42

  9. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  10. Dias E, Morais P, Leopold M, Campos J & Antunes C (2012). Natural born indicators: great cormorant Phalacrocorax carbo (Aves: Phalacrocoracidae) as monitors of river discharge influence on estuarine ichthyofauna. Journal of Sea Research 73: 101–108

  11. Grade N & Granadeiro JP (1997). Cormorant wintering in Portugal: the case of Ria Formosa Natural Park. Ricerche Biologia Selvaggina (Supplement) XXVI: 465-468

  12. Granadeiro JP, Catry T, Catry P, Pereira S & Campos A (2013). Distribuição e impacto do corvo-marinho-de-faces-brancas sobre as comunidades ictiológicas do estuário do Sado. Relatório para o ICNF/Tróia-Natura, Lisboa

  13. Leitão D, Encarnação V & Sampaio H (2013). Censo nacional de corvosmarinhos invernantes – Janeiro 2013. Relatório não publicado. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves / Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Lisboa

  14. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  15. Teixeira AM (1984). Aves marinhas nidificantes no litoral Português. Actas do colóquio Nacional para a Conservação das zonas Húmidas. Boletim da LPN 18 (3):105-115