Freira-da-madeira

Freira-da-madeira

Espécie Marinha

Procellariidae

Pterodroma madeira

Zino's Petrel

Fenologia no ContinenteAcidental

Fenologia na MadeiraEstival reprodutor

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A freira-da-madeira ocorre fundamentalmente na região do Atlântico Nordeste. É uma ave endémica da Madeira, nidificando apenas no maciço montanhoso oriental desta ilha[2]. As primeiras aves chegam aos locais de reprodução no final de março e os últimos juvenis abandonam o ninho na primeira metade de outubro[7]. No mar, esta freira é bastante difícil de distinguir da sua congénere a freira-do-bugio, pelo que os mapas apresentados poderão conter registos de ambas as espécies. Durante a época de nidificação, a distribuição da freira-da-madeira concentra-se nas águas da Madeira e dos Açores[6]. Os dados obtidos por estes autores, através do seguimento individual, indicam uma preferência pelas águas a norte dos Açores, sobretudo no período que antecede a postura. Nos períodos de incubação e de alimentação dos juvenis, a espécie obtém alimento mais perto das colónias[6]. Após a reprodução, distribui-se principalmente pelo Atlântico tropical Central e Oriental[6].

Abundância e evolução populacional

Através da monitorização intensiva realizada nas colónias de reprodução desta espécie, estimou-se recentemente a população em 65 a 80 casais reprodutores[2], sendo que até 2003, eram apenas conhecidos 30 a 40 casais reprodutores. Este grande aumento da população deveu-se à descoberta de uma nova colónia e de ninhos novos nos núcleos já conhecidos[1]. Mais recentemente, um incêndio ocorrido em agosto de 2010 afetou toda a área de nidificação, causando a destruição de 60% dos ninhos da espécie e a morte de três adultos e de 25 juvenis[8]. Todavia, nos últimos quatro anos, após trabalhos de recuperação do habitat, novos ninhos foram ocupados pela freira-da-madeira. O efetivo reprodutor apresenta uma tendência positiva, com uma produtividade média anual de 25 juvenis para a globalidade do efetivo reprodutor conhecido[3].

Ecologia e habitat

A espécie nidifica acima dos 1600 metros de altitude, preferindo zonas com presença de vegetação característica de altitude e em bom estado de conservação[5][4]. É uma ave marinha pelágica, de muito difícil registo a partir da costa, quer pela sua raridade e pelos seus hábitos, quer pelas dificuldades na sua identificação. Os ninhos, escavados no solo, podem atingir grandes profundidades e apresentar várias câmaras no seu interior[2].

Ameaças e conservação

No passado, a captura de adultos, de juvenis e de ovos poderá ter representado uma ameaça importante para esta espécie. A predação direta por ratazanas e por gatos assilvestrados deverá ter sido a causa da extinção desta freira em outros locais da ilha da Madeira[5]. A presença continuada de herbívoros introduzidos (cabras, ovelhas e coelhos) terá potenciado a destruição das suas principais áreas de nidificação. As diversas campanhas de controlo destas ameaças, realizadas desde 1987, terão permitido a recuperação do habitat de nidificação e da população desta espécie[2]. Devido à sua restrita área de nidificação, fenómenos ocasionais (como é exemplo o incêndio de 2010) representam também uma ameaça direta para a freira-da-madeira[3].

Referências

  1. Menezes D, Freitas I, Gouveia L, Oliveira P, Pires R & Fontinha S (2005). As Ilhas Desertas. Serviço do Parque Natural da Madeira, Funchal

  2. Menezes D, Oliveira P & Ramírez I (2010a). Pterodromas do arquipélago da Madeira. Duas espécies em recuperação. Serviço do Parque Natural da Madeira, Funchal

  3. Menezes D, Oliveira P & Ramírez I (2010b). Medidas urgentes para a Recuperação da Freira do Bugio Pterodroma feae e do seu Habitat. Segundo Relatório de Progresso. Serviço do Parque Natural da Madeira / Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

  4. Oliveira P & Menezes D (2004). A gestão e conservação das Aves do Arquipélago da Madeira, Parque Natural da Madeira/Arquipélago Verde. Funchal

  5. Zino F, Oliveira P, King S, Buckle A, Biscoito M, Neves H & Vasconcelos A (2001). Conservation of Zino’s petrel Pterodroma madeira in the archipelago of Madeira. Oryx 35: 128–136

  6. Zino F, Phillips R & Biscoito M (2011). Zino’s Petrel movements at sea - a preliminary analysis of datalogger results. Birding World 24: 216–219

  7. Zino F, Heredia B & Biscoito M (1995). Action plan for Zino’s petrel Pterodroma madeira.

  8. Projecto Freira da Madeira (2010). Relatório intercalar do impacto do incêndio na zona de nidificação da Freira da Madeira (secção Oeste do Maciço Montanhoso Central).