Gaivota-de-audouin

Gaivota-de-audouin

Espécie Marinha

Laridae

Larus audouinnii

Audouin's Gull

Fenologia no ContinenteEstival, migrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraAusente

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A gaivota-de-audouin nidifica principalmente no Mediterrâneo, ao longo da costa de vários países, estando a maior parte da população reprodutora concentrada em Espanha[4]. É uma espécie parcialmente migradora, invernando nas costas do Mediterrâneo e do noroeste africano, até ao Senegal[4]. Há pouco mais de uma década, alguns indivíduos originários nas colónias espanholas do Mediterrâneo Ocidental começaram a nidificar no Sotavento algarvio[7]. Nesta última região, a espécie é frequente desde Março a outubro, e inverna em pequeno número desde meados da década de 2000[7]. Por altura da migração pós-nupcial, de julho a outubro, ocorre em todo o Algarve, distribuindo-se também pela costa ocidental para norte de Aljezur, sendo esporadicamente avistada em algumas albufeiras do interior[3]. É acidental nos Açores conhecendo-se um registo de um juvenil em setembro de 2005[6]. Não são conhecidas observações na Madeira.

Abundância e evolução populacional

Nas últimas três décadas, a população mundial desta gaivota teve um grande aumento, causado fundamentalmente pela disponibilidade de alimento resultante das rejeições da pesca comercial[10], o que também terá estado na origem da expansão da área de distribuição. Existem evidências de que no final do século XIX terá nidificado na zona de Sagres[2]. Só terá voltado a estabelecer-se em Portugal no ano de 2000, altura em que se supõe que um casal nidificou na reserva natural de Castro Marim. Em 2001, nidificaram 12 casais no mesmo local. No ano seguinte, estabeleceram-se um a dois casais na Ria Formosa. A população nacional foi estimada em 41 casais no ano de 2005[5]. Após alguns anos com sucesso reprodutor muito baixo ou mesmo nulo[7], as duas colónias acima referidas foram abandonadas, tendo surgido entretanto outra na Ria Formosa, que já contava com cerca de 900 casais em 2014. Pelo Algarve, durante a migração pós-nupcial, deverão passar centenas ou milhares de indivíduos anualmente.

Ecologia e habitat

A gaivota-de-audouin tem forte associação com as águas da plataforma continental, ocorrendo geralmente próximo da costa, podendo também frequentar o talude continental. Habitualmente descansa durante o dia em salinas, praias arenosas e zonas lagunares costeiras, próximo das áreas de alimentação no mar, que normalmente visita durante a noite. A sua dieta é constituída principalmente por peixes como sardinhas e anchovas, estando fortemente relacionada com a atividade piscatória[8]. Nidifica colonialmente, por vezes em alta densidade, em ilhas rochosas ou arenosas, em penínsulas arenosas e em salinas. Em Portugal, as primeiras posturas ocorrem em meados de abril, terminando a reprodução em meados de julho.

Ameaças e conservação

Apesar do seu estatuto de conservação ter melhorado muito, o facto de grande parte da população reprodutora desta gaivota estar concentrada num reduzido número de colónias, constitui um fator de risco[1] Os predadores terrestres e a competição com as gaivotas-de-patas-amarelas podem ser fatores importantes de mortalidade e de insucesso reprodutor[9].

Referências

  1. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  2. Catry P (1999). Aves nidificantes possivelmente extintas em Portugal Continental. Revisão e síntese da informação disponível. Airo 10: 1-13

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  5. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  6. Jara J, Costa H, Elias G, Matias R, Moore CC & Tomé R (2007). Aves de ocorrência rara ou acidental em Portugal. Relatório do Comité Português de Raridades referente ao ano de 2005. Anuário Ornitológico 5: 1-34

  7. Leal A & Lecoq M (2006). Plano de Acção para a Conservação da Gaivota de Audouin em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa

  8. Mañosa S, Oro D & Rui X (2004). Activity patterns and foraging behaviour of Audouin’s gulls in the Ebro Delta, NW Mediterranean. Scientia Marina 68 (4): 605-614

  9. Oro D, Pradel R & Lebreton JD (1999). Food availability and nest predation influence life history traits in Audouin’s gull, Larus audouinii. Oecologia 118: 438-445

  10. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.