Gaivota-de-cabeça-preta

Gaivota-de-cabeça-preta

Espécie Marinha

Laridae

Larus melanocephalus

Mediterranean Gull

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A gaivota-de-cabeça-preta tem uma distribuição que se circunscreve essencialmente à Europa, nidificando desde a Rússia e da costa ucraniana do Mar Negro, até ao sul de França e de Espanha, com populações nidificantes localizadas um pouco por toda a Europa central e Mediterrâneo. No período de invernada distribui-se pelas costas do Mar Negro, do Mediterrâneo, do Atlântico europeu e do noroeste africano[3]. Em Portugal Continental, esta gaivota distribui-se por todo o litoral, ocorrendo maioritariamente na metade sul do país até à foz do rio Tejo[7]. No mar, a espécie distribui-se ao longo da plataforma continental até ao limite do talude, com concentrações visíveis nas áreas adjacentes à foz dos rios Tejo e Mira e no Sotavento algarvio. Nos períodos de inverno e de primavera, podem também registar-se concentrações no centro e no norte do país, nomeadamente na costa da Figueira da Foz e do Minho, que deverão refletir movimentos para as zonas de reprodução. A migração pós-nupcial decorre de meados de junho a novembro e a migração pré-nupcial de fevereiro a inícios de abril[4]. A origem das populações invernantes em Portugal é diversificada, havendo registos de indivíduos provenientes de praticamente toda a área de nidificação[4][7]. Nos Açores e na Madeira a espécie é acidental, existindo em ambos os arquipélagos registos de aves isoladas ou em números reduzidos em portos e zonas costeiras abrigadas, entre Novembro e março[8].

Abundância e evolução populacional

A população global parece encontrar-se estável, mas na Europa ocidental a tendência tem sido para um aumento marcado ao longo das últimas décadas[1]. Este aumento teve também reflexo em Portugal, onde a espécie passou de rara, no início do século XX[2], para a situação presente em que existem registos de concentrações superiores a 1000 indivíduos[5], sendo mesmo sugerida a invernada de mais de 7000 aves na metade sul do país[7]. Na metade norte, a sua ocorrência, apesar de regular, envolve números mais reduzidos[2].

Ecologia e habitat

É uma gaivota relativamente comum no litoral que utiliza a orla costeira essencialmente para repouso, podendo ser encontrada frequentemente junto à costa, sobre a plataforma continental, ou pousada em praias, portos de pesca, estuários e salinas. Alimenta-se em zonas desde muito próximo da costa até ao limite da plataforma continental, não se encontrando geralmente para além desta. Localmente pode também encontrar-se junto de emissários de esgotos submarinos [7]. Os seus movimentos diários parecem estar diretamente relacionados com a atividade piscatória[6]. Pelo menos no litoral continental ocidental, as condições meteorológicas adversas muitas vezes fazem aumentar a afluência de aves às zonas costeiras.

Ameaças e conservação

As maiores ameaças à gaivota-de-cabeça-preta estão relacionadas com a perturbação nas suas áreas de nidificação[3]. No nosso país não são conhecidas ameaças significativas a esta espécie. No entanto, a sua provável relação com a atividade piscatória não permite deixar de parte a possibilidade de ocorrerem eventos de captura acidental.

Referências

  1. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  4. Moore CC (1992). The Mediterranean Gull Larus melanocephalus in the Tagus estuary: numbers, ages classes and possible origins. Airo 3: 83-86

  5. Observações publicadas em Noticiários Ornitológicos, ver Publicação – pág. 207

  6. Poot M (2003). Offshore foraging of Mediterranean Gulls Larus melanocephalus in Portugal during the winter. Atlantic Seabirds 5(1): 1-12

  7. Poot M & Flamant R (2006). Numbers, behavior and origin of Mediterranean gulls Larus melanocephalus wintering along the west coast of southern Portugal. Airo 16:13-22

  8. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207