Gaivota-de-patas-amarelas

Gaivota-de-patas-amarelas

Espécie Marinha

Laridae

Larus michahellis

Yellow-legged Gull

Fenologia no ContinenteResidente

Fenologia na MadeiraResidente

Fenologia nos AçoresInvernante, migrador de passagem e reprodutor

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A gaivota-de-patas-amarelas nidifica principalmente nas costas da Península Ibérica e de França, nas ilhas da Macaronésia até às Canárias, no Mediterrâneo e no Mar Negro. No inverno distribui-se pela costa europeia atlântica, desde a Dinamarca até ao Sara Ocidental, e pela costa mediterrânica[3]. Em Portugal, nidifica no Continente e em praticamente todas as ilhas e ilhéus dos Açores e da Madeira[11][4][12]. Está presente ao longo de grande parte da orla costeira continental, em especial desde o cabo Carvoeiro até ao Sotavento algarvio, geralmente no litoral rochoso e em meios urbanos[1], ocorrendo pontualmente no interior norte[5]. A maior parte da população é bastante sedentária e mesmo as aves jovens dispersam distâncias relativamente curtas. Alguns indivíduos podem efetuar movimentos dispersivos mais amplos e aves anilhadas na ilha da Berlenga foram observadas, nos seus dois primeiros anos de vida, no Reino Unido, no norte de França, no sul de Espanha e em Marrocos[9]. No mar, esta gaivota tem uma distribuição marcadamente costeira, não se afastando para águas além da plataforma continental. Do mesmo modo, nos Açores e na Madeira, utiliza as águas próximo da costa, podendo encontrar-se mais afastada desta no período pós-nupcial.

Abundância e evolução populacional

Nas últimas décadas, no Continente, a população desta gaivota aumentou de cerca de 5500 casais reprodutores em 1983 (dos quais 5000 casais na Berlenga) para 45 000 indivíduos em 1994, apenas nesta ilha[13][1]. Desde 1994 que diversas ações de controlo populacional na Berlenga, dirigidas aos adultos e às posturas, têm contribuído para a redução da população, estimada em cerca de 13 150 indivíduos em 2013[8]. A colonização recente das áreas urbanas[7], provocou um alargamento da área de distribuição. Nos Açores, a população desta espécie aumentou cerca de 60% entre 1984 e 2004, tendo sido estimada em 4249 casais neste último ano[11], enquanto que no arquipélago da Madeira, o efetivo populacional foi estimado em cerca de 4000 casais em 2002[5].

Ecologia e habitat

Apesar de a gaivota-de-patas-amarelas ser preferencialmente marinha, frequenta também outros biótopos, geralmente no litoral, como praias, portos de pesca, campos agrícolas, zonas urbanas, salinas e aterros sanitários[1]. Em Portugal, o crescimento da população desta espécie deverá ter estado relacionado com a elevada disponibilidade de alimento, obtido facilmente em lixeiras e junto das embarcações e dos portos de pesca[3]. Na sua dieta oportunística incluem-se peixes de várias espécies, caranguejos pelágicos, insetos e desperdícios gerados pelas atividades humanas, entre outros[5][10][11][3]. Nas ilhas Selvagens é principalmente predadora de outras aves marinhas[6][2]. Nidifica preferencialmente em ilhas, ilhéus e falésias costeiras e, em menor número, em salinas e em telhados de casas.

Ameaças e conservação

A nível global a sua população encontra-se em crescimento [14]. Não existem ameaças relevantes em Portugal, embora alguns indivíduos possam ser capturados acidentalmente em artes de pesca (redes e palangres).

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Catry P, Geraldes P, Pio JP & Almeida A (2010b). Aves marinhas da Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora: censos e notas, com destaque para a dieta da gaivota-de-patas-amarelas. Airo 20: 29-35

  3. Ceia FR, Paiva VH , Fidalgo V, Morais L, Baeta A, Crisóstomo P, Mourato E, Garthe S, Marques JC & Ramos JA (2014b). Annual and seasonal consistency in the feeding ecology of an opportunistic species, the yellow-legged gull Larus michahellis. Marine Ecology Project Series 497: 273–284

  4. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  5. Luís A (1982). *A avifauna da ilha Berlenga com especial referência à biologia de *Larus argentatus. Relatório de Estágio. Faculdade de Ciências de Lisboa

  6. Matias R & Catry P (2010). The diet of Atlantic yellow-legged gulls (Larus michahellis atlantis) at an oceanic seabird colony: estimating predatory impact upon breeding petrels. European Journal of Wildlife Research 56: 861-869

  7. Morais L & Casanova A (2008). Roof-nesting yellow-legged gulls (Larus michahellis) in the town of Peniche. Airo 18: 29-33

  8. Morais L, Crisóstomo P & Mourato E (2013). Contagens de aves marinhas no Arquipélago das Berlengas: arau-comum *(Uria aalge), gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) e galheta *(Phalacrocorax aristotelis). Relatório não-publicado. Reserva Natural das Berlengas/ ICNF

  9. Morais L, Santos C & Vicente L (1998). Population increase of yellow-legged gulls Larus cachinnans breeding on Berlenga Island (Portugal), 1974-1994. Sula 12: 27-37

  10. Morais L & Vicente L (1998). Espectro alimentar dos juvenis não voadores de Larus cachinnans da Ilha da Berlenga. Airo 9: 59-60

  11. Neves VC (2006). Towards a conservation strategy of the Roseate tern Sterna dougallii in the Azores Archipelago. PhD thesis. University of Glasgow

  12. Pereira C (2010). Aves dos Açores. SPEA, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

  13. Teixeira AM (1984). Aves marinhas nidificantes no litoral Português. Actas do colóquio Nacional para a Conservação das zonas Húmidas. Boletim da LPN 18 (3):105-115

  14. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.