Gaivota-tridáctila

Gaivota-tridáctila

Espécie Marinha

Laridae

Rissa tridactyla

Black-legged Kittiwake

Fenologia no ContinenteInvernante

Fenologia na MadeiraInvernante

Fenologia nos AçoresInvernante

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A gaivota-tridáctila nidifica nas zonas costeiras temperadas e árticas do Atlântico e do Pacífico. Após a reprodução, a espécie normalmente dispersa para águas afastadas da costa, podendo ser encontrada por todo o norte do Atlântico e do Pacífico, principalmente nas latitudes mais elevadas[5]. Nas águas de Portugal Continental, ocorre sobretudo no outono e no inverno, distribuindo-se de norte a sul. As aves que nos visitam durante o inverno parecem ter origem predominantemente nas colónias norueguesas, no Reino Unido e, provavelmente, também noutras grandes populações setentrionais[3]. As águas da ZEE açoriana representam o limite sul da distribuição de inverno da espécie no Atlântico[4][6]. A sua presença neste arquipélago é regular, principalmente em mar alto durante o inverno[10], apesar de ali não ter sido detetada no âmbito deste atlas.

Abundância e evolução populacional

Apesar de esta ser uma das gaivotas mais abundantes a nível global, a partir dos anos 1980 as populações da Gronelândia, do Reino Unido e da Noruega começaram a registar declínios moderados [2]. Entre 2000 e 2012, o declínio das populações do Reino Unido foi estimado em 47%, tendo-se registado anos com sucesso reprodutor nulo em algumas das maiores colónias da região[9]. A espécie já nidificou em Portugal no final dos anos 1970, fruto de uma expansão natural que levou à colonização de outras áreas na costa ibérica[3]. Como resultado, estabeleceu-se no arquipélago das Berlengas uma pequena colónia, que chegou a ter 13 casais em 1979[1], mas que deixou de existir a partir de 1982[7]. Nas nossas águas a abundância de gaivotas-tridáctilas está dependente das condições meteorológicas nos territórios mais a norte e em alto mar[3]. Nas águas da ZEE do Continente, parece ser mais abundante na metade norte, principalmente entre dezembro e fevereiro. Nas águas dos arquipélagos, esta espécie ocorre geralmente em densidades muito baixas.

Ecologia e habitat

Embora excecionalmente possa ser observada em grande número junto à costa após períodos de mau tempo em alto mar[3], esta gaivota passa geralmente a totalidade da época não reprodutora em ambiente pelágico [6]. A espécie chega a nidificar em colónias com várias dezenas ou centenas de milhares de indivíduos, mas no período de inverno muitas vezes é observada isoladamente ou em pequenos grupos[8]. Alimenta-se sobretudo de pequenos peixes e de invertebrados pelágicos[5].

Ameaças e conservação

Tendo em conta que nidifica em latitudes muito elevadas, a espécie é potencialmente suscetível ao fenómeno das alterações climáticas[11]. O insucesso reprodutor de algumas colónias nos últimos anos foi relacionado com o colapso dos stocks de juvenis de galeotas, a presa predominante desta espécie. Na origem da escassez destes peixes terá estado a pesca industrial dirigida e o aumento da temperatura da água do mar durante o inverno[6].

Referências

  1. Araújo A & Luís A (1982). Populações de Aves Marinhas Nidificantes na Ilha Berlenga. CEMPA/SE A, Lisboa

  2. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. Coulson JC (2002). Black-legged Kittiwake (Kittiwake) Rissa tridactyla In Wernham MP, Toms MP, Marchant JH, Calck GM, Siriwardena GM & Baillie SR (eds.). The migration atlas: movements of the birds of Britain and Ireland. T. & A.D. Poyser, London: 377–380

  5. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  6. Frederiksen M, Moe B, Daunt F Phillips RA, Barrett RT , Bogdanova MI, Boulinier T, Chardine JW, Chastel O, Chivers LS , Christensen-Dalsgaard S, Clément-Chastel C, Colhoun K, Freeman R, Gaston AJ, González-Solís J, Goutte A, Grémillet D, Guilford T, Jensen, GH , Krasnov Y, Lorentsen SH , Mallory ML, Newell M, Olsen B, Shaw D, Steen H, Strøm H, Systad GH , Thórarinsson TL & Anker-Nilssen T (2012). Multicolony tracking reveals the winter distribution of a pelagic seabird on an ocean basin scale. Diversity and Distributions 18: 530–542

  7. Rufino R (coord.) (1989). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal Continental. Serviço Nacional de Parques e Reservas e Conservação da Natureza, Lisboa

  8. Snow DW & Perrins CM (1998). The Birds of the Western Palearctic vol. 1: Non-Passerines. Oxford University Press. Oxford

  9. Taylor M & Tipling D (2014). RSPB Seabirds. Bloombury Publishing, London

  10. Birding Azores (2014). Birding Azores database.

  11. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.