Papagaio-do-mar

Papagaio-do-mar

Espécie Marinha

Alcidae

Fratercula arctica

Atlantic Puffin

Fenologia no ContinenteInvernante e migrador de passagem

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O papagaio-do-mar é uma espécie exclusiva do Atlântico Norte que dispersa para ambientes pelágicos no período não reprodutor[5], tendo a costa marroquina e o Mediterrâneo Ocidental como provável limite sul da sua área de distribuição[1][3]. Em Portugal Continental é invernante e migrador de passagem, encontrando-se presente entre outubro e princípios de abril ao longo de toda a costa[2]. O papagaio-do-mar só muito excecionalmente é encontrado em portos, marinas ou ambientes estuarinos, mas é frequente arrojarem aves mortas ou em estado débil após fortes temporais[9]. A partir de terra, os registos envolvendo um maior número de aves foram efetuados entre finais de Novembro e meados de dezembro e em março[6], na costa sudoeste. No decurso deste atlas não foi registada a presença do papagaio-do-mar nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, considerando-se acidental a sua presença nestas regiões.

Abundância e evolução populacional

O papagaio-do-mar é uma espécie de muito difícil deteção a partir de terra, quase não existindo dados sobre a sua abundância. Nas águas do Continente é considerado pouco comum. A espécie aparenta ser mais numerosa nas passagens migratórias do que no período de inverno, porém não existem dados quantitativos que permitam aferir uma tendência populacional ou estimar a importância numérica dos efetivos invernantes. No arquipélago dos Açores existem poucos registos da espécie, a maioria dizendo respeito a indivíduos encontrados mortos na costa[7].

Ecologia e habitat

A espécie reproduz-se colonialmente em falésias íngremes ou em ilhéus, escavando os ninhos no solo. A sua distribuição como invernante aparenta encontrar-se bastante dependente da produtividade oceânica e dos movimentos de cardumes de pequenos peixes pelágicos, apesar de pouco se saber sobre a dieta da espécie durante este período[4].

Ameaças e conservação

A tendência global da espécie é de declínio moderado[13]. Atualmente têm sido registados decréscimos no sucesso reprodutor de importantes populações europeias, como por exemplo as das Ilhas Britânicas[14]. O esgotamento de stocks de presas nestas áreas (possivelmente devido à sobrepesca e às alterações climáticas e oceanográficas), tendo como consequência a diminuição da condição física dos indivíduos reprodutores[11][10], é apontada como uma das causas para o insucesso reprodutor destas populações. A captura acidental em redes de pesca parece também ser um importante fator de mortalidade[12]. A espécie é também afetada pela contaminação por hidrocarbonetos[8], tendo estes sido detetados numa grande percentagem de aves arrojadas na nossa costa durante os anos 1980[9]. Medidas como a monitorização de arrojamentos, medidas de minimização de capturas acidentais em redes de pesca e planos para prevenção e de resposta a derrames de hidrocarbonetos são potencialmente importantes para a conservação da espécie em Portugal.

  • Papagaio-do-mar | Autor: Jean Jacques-Boujot
  • Papagaio-do-mar | Autor: Andrea Schaffer

Referências

  1. Carboneras C (1988). The auks in the Western Mediterranean. Ringing & Migration 9(1): 18-26

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  4. Harris MP, Daunt F, Newell M, Phillips RA & Wanless S (2010). Wintering areas of adult Atlantic puffins Fratercula arctica from a North Sea colony as revealed by geolocation technology. Marine Biology 157(4): 827-836

  5. Guilford T, Freeman R, Boyle D, Dean B, Kirk H, Phillips R & Perrins C (2011). A Dispersive Migration in the Atlantic Puffin and its Implications for Migratory Navigation. PLoS ONE 6(7): e21336

  6. Observações publicadas em Noticiários Ornitológicos, ver Publicação – pág. 207

  7. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  8. SEO/BirdLife (2003). The disaster of Prestige oil tanker and its impacts on seabirds. Third report, Jan-Feb 2003. Relatório não publicado. SEO

  9. Teixeira AM (1986a). Inspecções costeiras para detecção de aves marinhas mortas, 1984-85. Cyanopica III (4): 635-651

  10. Wanless S, Harris MP, Redman P & Speakman JR (2005). Low energy values of fish as a probable cause of a major seabird breeding failure in the North Sea. Marine Ecology Progress Series 294: 1-8

  11. Wanless S, Wright PL, Harris MP & Elston DA (2004). Evidence for decrease vin size of lesser sandeels Ammodytes marinus in a North Sea aggregation over a 30-yr period. Marine Ecology Progress Series 279: 237-246

  12. Zydelis R, Smal C & French G (2013).The incidental catch of seabirds in gillnet fisheries: A global review. Biological Conservation 162: 76–88

  13. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.

  14. JNCC - Joint Nature Conservation Committeee (2013). Atlantic puffin status and trends.