Ostraceiro

Ostraceiro

Espécie Limícola

Haematopodidae

Haematopus ostralegus

Eurasian Oystercatcher

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Distribuição, movimentos e fenologia

O ostraceiro nidifica em quase todo o continente europeu (mas não em Portugal), sobretudo no litoral, e em vastas áreas da Ásia[3]. A generalidade da população europeia migra distâncias relativamente curtas. Algumas aves ficam de inverno tão a norte como na Islândia, mas a maior parte dos efetivos invernantes encontram-se no litoral da Dinamarca até França, passando pelo Reino Unido. Migradores de longa distância chegam à África Ocidental, mas em números comparativamente reduzidos[3]. Em Portugal, os ostraceiros começam a aumentar em número a partir de agosto, para atingir valores máximos no inverno. As partidas dão-se maioritariamente durante a primavera, mas em junho e julho, em plena época de reprodução, algumas aves não nidificantes ficam no nosso país[1]. As aves que invernam em Portugal provêm da Europa do norte (Escandinávia, Islândia) e do litoral da Europa média (Reino Unido, Alemanha, Holanda)[1]. É pouco claro até que ponto passam e param em Portugal os ostraceiros que invernam no litoral africano.

Abundância e evolução populacional

A população nacional pode ser estimada em cerca de 1000 aves[1] sendo que os dados do Projeto Arenaria indicam que aproximadamente 170 permanecem na costa marinha[4]. Este efetivo é insignificante no contexto da população europeia, que conta com mais de um milhão de indivíduos[3]. Na primeira metade do século XX a espécie nidificava em Portugal, pelo menos no estuário do Sado, mas acabou por se extinguir, possivelmente devido a alguma perseguição e à pilhagem de ovos[1]. A população invernante poderá ter conhecido algum incremento em finais do século XX[1].

Ecologia e habitat

Em Portugal, as maiores concentrações de ostraceiros encontram-se na Ria Formosa e, em menor medida, no estuário do Sado[1]. Neste tipo de habitats, o ostraceiro alimenta-se essencialmente de invertebrados de sedimentos móveis, como sejam amêijoas, lingueirões e certos poliquetas[2]. No litoral marinho aberto ao oceano, o ostraceiro encontra-se sobretudo em zonas com amplas faixas rochosas no intermareal[5]. A dieta no litoral não foi estudada, mas é frequente observarem-se ostraceiros alimentando-se em povoamentos de mexilhões, onde estes bivalves, bem como os poliquetas associados, poderão representar uma fonte de alimento importante.

Ameaças e conservação

Os ostraceiros revelam um comportamento de fuga relativamente à presença humana bastante evidente, apesar de o fator humano não se ter relevado como um preditor significativo da ocorrência desta espécie num estudo sistemático da costa portuguesa[5]. Ainda assim, é de admitir que a crescente utilização invernal por atividades de recreação nas praias da nossa costa possa ter algum impacto nesta espécie. Não estão documentadas ameaças significativas nos ecossistemas lagunares costeiros e estuarinos do nosso país.

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Cidraes-Vieira N (1992). Ecologia do ostraceiro Haematopus ostralegus na Ria Formosa - flutuações populacionais, alimentação e impacto na moluscicultura. Relatório de Estágio. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa

  3. Delany S, Dodman T, Stroud D & Scott D (2009). An atlas of wader population in Africa and western Eurasia. Wetlands International, Wageningen

  4. Lecoq M, Lourenço PM, Catry P, Andrade J & Granadeiro JP (2013). Wintering waders on the Portuguese mainland non-estuarine coast: results of the 2009-2011 survey. Wader Study Group Bull. 120: 66-70

  5. Lourenço PM, Catry P, Lecoq M, Ramírez I & Granadeiro JP (2013). The roles of disturbance, geology and other environmental factors in determining abundance and diversity in coastal avian communities during winter. Marine Ecology Progress Series 479: 223-234