Painho-de-cauda-forcada

Painho-de-cauda-forcada

Espécie Marinha

Hydrobatidae

Hydrobates leucorhous

Leach's Storm-petrel

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O painho-de-cauda-forcada nidifica em ilhas oceânicas do Atlântico Norte e do Pacífico Norte[2], existindo ainda uma população recentemente descoberta ao largo da África do Sul[8]. A época de reprodução da população do Atlântico Norte inicia-se em maio, com os juvenis a deixarem o ninho a partir de setembro. Nesse período, no nosso país, a espécie parece ocorrer apenas nas águas da ZEE dos Açores. No outono, por altura da migração pós-nupcial, o painho-de-cauda-forcada migra em massa em direção ao Atlântico tropical, com alguns indivíduos a atingirem a África do Sul e o Índico Ocidental[2]. Nesta época, a pequena porção da população que passa pelas águas da ZEE continental parece preferir áreas de mar profundo, sendo muito escassos os avistamentos a partir de terra, geralmente efetuados após grandes tempestade[1]. No inverno, a distribuição (e a abundância) do painho-de-cauda-forcada volta a ser mais reduzida, principalmente a partir do meio desta estação, época em que a maioria da população já deverá ter chegado às suas áreas de invernada. Em contraste com aquilo que ocorre nas águas continentais, a espécie é muito frequente em toda a ZEE em torno dos arquipélagos oceânicos, tanto na migração outonal como primaveril, com destaque para os Açores.

Abundância e evolução populacional

A ocorrência do painho-de-cauda-forcada está relativamente bem documentada para a faixa costeira de Portugal Continental, surgindo esta espécie quase sempre após fortes tempestades no outono e no inverno[7][3]. No entanto, não existem ainda registos sistemáticos relativamente à sua abundância nas águas continentais pelágicas, ou nas dos Açores ou da Madeira, sendo no entanto muito comum nestas duas últimas regiões.

Ecologia e habitat

O painho-de-cauda-forcada é uma ave marcadamente pelágica associada a áreas de convergência de correntes marinhas e de afloramentos. Alimenta-se de pequenos peixes, de cefalópodes, de crustáceos planctónicos e de rejeições da pesca comercial; pode ainda consumir os restos deixados por mamíferos marinhos ou até os dejetos destes animais[2]. Procura as suas presas de dia e de noite[4]

Ameaças e conservação

A nível global este painho poderá encontrar-se estável, tendo uma área de distribuição durante a reprodução extremamente vasta, mas há indícios de fortes decréscimos em certas colónias europeias e do Canadá, que estão ligados a várias ameaças, entre as quais se destaca a predação por grandes gaivotas e alcaides[5]. Apesar de alguns fatores de mortalidade poderem ter um efeito marginal, é de salientar o possível impacto da poluição luminosa, ainda que fora das áreas de reprodução[6].

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  3. Granadeiro JP, Silva MS, Fernandes C & Reis A (1997). Beached bird surveys in Portugal 1990-1996. Ardeola 44: 9-17

  4. Hedd A & Montevecchi WA (2006). Diet and trophic position of Leach’s storm-petrel Oceanodroma leucorhoa during breeding and moult, inferred from stable isotope analysis of feathers. Marine Ecology Progress Series 322: 291-301

  5. Jones IL (2013). Evolutionary lag of predator avoidance by island seabirds, and what happens when naturally occurring colonists become ‘invasive’. Ibis 155: 1-3

  6. Rodríguez A & Rodríguez B (2009). Attraction of petrels to artificial lights in the Canary Islands: effect of the moon phase and age class. Ibis 151: 299-310

  7. Teixeira AM (1987). The wreck of Leach’s storm petrels on the Portuguese coast in the autumn of 1983. Ringing & Migration 8: 27-28

  8. Underhill LG, Crawford RJ & Camphuysen CJ (2002). Leach’s storm petrels Oceanodroma leucorhoa off southern Africa: breeding and migratory status, and measurements and mass of the breeding population. Transactions of the Royal Society of South Africa 57 (1 & 2): 43-46